PROTOCOLO DE EXPOSIÇÃO À MATERIAIS BIOLÓGICOS
Prazo: 30/01/2005
Prezad@ participante,
O Coordenador da Área Técnica de Saúde do Trabalhador do Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas da Secretaria de Atenção à Saúde, considerando a necessidade de formar e dar suporte técnico ao Sistema Único de Saúde, submete à Consulta Pública à minuta do “PROTOCOLO DE EXPOSIÇÃO À MATERIAIS BIOLÓGICOS” até o dia 30-01-2005. Esta Consulta tem o objetivo de ampliar o fórum de discussão e reunir as contribuições da sociedade na sua elaboração.
Atenciosamente,
Marco Perez
Coordenador da Área Técnica de Saúde do Trabalhador
do Departamento de Ações programáticas e Estratégicas
da Secretaria de Atenção à Saúde
Instruções ao participante
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Em caso de dúvida, entre em contato com a Área Técnica de Saúde do Trabalhador
cosat@saude.gov.br
INTRODUÇÃO
As exposições ocupacionais a materiais biológicos potencialmente contaminados são um sério risco aos profissionais da área da saúde (PAS) nos seus locais de trabalho. Estudos desenvolvidos nesta área mostram que os acidentes envolvendo sangue e outros fluidos orgânicos correspondem às exposições mais freqüentemente relatadas (1). Os ferimentos com agulhas e material pérfuro-cortante em geral são considerados extremamente perigosos por serem potencialmente capazes de transmitir mais de 20 tipos de patógenos diferentes(2), sendo o vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), o da hepatite B e o da hepatite C, os agentes infecciosos mais comumente envolvidos(3). Evitar o acidente por exposição ocupacional é o principal caminho para prevenir a transmissão dos vírus das hepatites B e C e do vírus HIV. Entretanto, a imunização contra hepatite B e o atendimento adequado pós-exposição são componentes fundamentais para um programa completo de prevenção dessas infecções e elementos importantes para a segurança no trabalho(4). O risco ocupacional após exposições a materiais biológicos é variável e depende do tipo de acidente e de outros fatores como, gravidade, tamanho da lesão, presença e volume de sangue envolvido, além das condições clínicas do paciente-fonte e seguimento adequado pós-exposição(5). O risco de infecção por HIV pós-exposição ocupacional percutânea com sangue contaminado é de aproximadamente 0,3%(6) e, após exposição de mucosa, aproximadamente 0,09%(7). No caso de exposição ocupacional ao vírus da hepatite B (HBV), o risco de infecção varia de 6 a 30%, podendo chegar até a 60% dependendo do estado do paciente-fonte, entre outros fatores(8). Quanto ao vírus da hepatite C (HCV), o risco de transmissão ocupacional após um acidente percutâneo com paciente fonte HCV positivo é de aproximadamente 1,8% (variando entre 0 a 7%)(4). Apesar de todos estes riscos, alguns trabalhos demonstram aproximadamente 50% de subnotificação das exposições(10) e estima-se que ocorram cerca de 600.000 a 800.000 exposições ocupacionais anualmente nos Estados Unidos(11). No Brasil, de acordo com dados publicados em anais de congressos, o cenário dos acidentes ocupacionais envolvendo material biológico é semelhante aos observados em outros países, quando comparamos a incidência de acidentes e de subnotificação. Outro dado nacional preocupante está relacionado à taxa de abandono dos profissionais que inicialmente procuraram assistência e notificaram seus acidentes. Um levantamento de um hospital público de ensino de São Paulo, aponta para uma taxa de abandono de 45% em 326 acidentes notificados(13); já em um hospital público de ensino em Porto Alegre, esta taxa foi de 36% em 241 acidentes notificados(14).
1.1 Tipo de protocolo
Trata-se de um protocolo sobre exposição ocupacional à material biológico, com ênfase na transmissão do vírus da imunodeficiência humana (HIV), do vírus da hepatite B VHB) e do vírus da hepatite C VHC).
1.2 Público-alvo
Todos os profissionais e trabalhadores do setor saúde que atuam, direta ou indiretamente, em atividades onde há risco de exposição ao sangue e a outros materiais biológicos, incluindo aqueles profissionais que prestam assistência domiciliar e atendimento pré-hospitalar.
1.3. Objetivos
OBJETIVOS GERAIS
• Permitir diagnóstico, condutas, medidas preventivas e notificação na exposição à material biológico, prioritariamente na transmissão do vírus da imunodeficiência humana (HIV), do vírus da hepatite B (VHB) e do vírus da hepatite C (VHC), Estabelecer uma sistemática de atendimento nos diferentes níveis de complexidade.OBJETIVOS ESPECÍFICOSIdentificar casos sentinelas
• Criar uma ficha de notificação específica para registro das exposições à material biológico(SINAN);
• Criar condições para a geração de dados que irão instrumentalizar a vigilância nos ambientes de trabalho sobre biossegurança;
1.4. Metodologia
Métodos utilizados para a coleta e seleção das evidências: Pesquisa em bases de dados eletrônicas ( BVS- Bireme; Pub MED; Sum Search; National Guideline Clearinghouse; Cochrane Library; Guidelines Finder)
Número de documentos base Brasil. Ministério da Saúde - Programa Nacional de DST/AIDS. Rapparini,C; Vitória, MAV & Lara, LTR. Recomendações para o Atendimento e Acompanhamento de Exposição Ocupacional a Material Biológico: HIV e Hepatites B e C. Março de 2004. disponível em: http://www.aids.gov.br/final/biblioteca/manual_exposicao/manual_acidentes.doc.
MMWR Recommendations and Reports. Updated U.S. Public Health Service Guidelines for the Management of Occupational Exposures to HBV, HCV, and HIV and Recommendations for Postexposure Prophylaxis Vol 50, No RR 11;1 06/29/2001
Disponível em http://www.cdc.gov/mmwr/PDF/RR/RR5011.pdf
Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo. Programa Estadual de DST/AIDS.
Biossegurança - Atualidades em DST/AIDS. São Paulo, 2ª Edição Revisada e Ampliada, 2003. Disponível em:
http://www.crt.saude.sp.gov.br/down/Bioseguranca.pdf
UK Health Departments. HIV Post-exposure prophylaxis - guidance from the UK Chief Medical Officers' Expert Advisory Group on AIDS Feb 2004. Disponível em: http://www.advisorybodies.doh.gov.uk/eaga/prophylaxisguidancefeb04.pdf
Common wealth of Australia. National Code of Pratice for the Control of Work-related Exposure to Hepatitis and HIV(Blood-borne) Viruses 2nd Edition Dec 2003. Disponível em
http://www.nohsc.gov.au/PDF/Standards/Codes/HIV_2Ed_2003.pdf
Métodos usados para garantir a qualidade e aplicabilidade das evidências e fontes : Revisão de documentos indexados, organização e estruturação de base preliminar, testagem piloto e curso de capacitação.
PROTOCOLO DE EXPOSIÇÃO À MATERIAL BIOLÓGICO
Este instrumento permitirá o atendimento de profissionais da área da saúde que sofram exposição com material biológico, estabelecendo conduta de atenção básica, orientação de exames, seguimento de acidentes, uso de quimioprofilaxia e notificação de casos comprovadamente expostos.
1. AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL
Deve inicialmente basear-se em uma adequada anamnese do acidente, caracterização do paciente fonte, análise do risco iminente, notificação do acidente e orientação de manejo e medidas de autocuidado. A exposição ocupacional à material biológico deve ser avaliada quanto ao potencial de transmissão de hepatite B, hepatite C e HIV baseado no
1.1. Tipo de exposição
1.2. Tipo e quantidade de fluido e tecido
1.3. Status sorológico da fonte
1.4. Susceptibilidade do profissional exposto
1.1. Quanto ao tipo de exposição
As exposições percutâneas são as de maior risco para todos os três tipos de vírus. O vírus da hepatite B pode sobreviver até uma semana, à temperatura ambiente.
Assim contato direto ou indireto com sangue ou fluidos corporais, através de pele lesada ou mucosa pode causar infecção.
O vírus da hepatite C raramente é transmitido via mucosa e não há dados de sua transmissão através de pele íntegra nem lesada.
O HIV é transmitido pela mucosa e há indicativos que a transmissão através de pele lesada, seja ainda menor. Exposições percutâneas:
lesões provocadas por instrumentos perfurantes e cortantes (p.ex. agulhas, bisturi, vidrarias) Exposições em mucosas:
respingos em olho, nariz, boca, genitália Exposições em pele não íntegra:
por exemplo contato com pele com dermatite, feridas abertas; Mordeduras humanas:
consideradas como exposição de risco, quando envolverem a presença de sangue. Nesses casos, tanto o indivíduo que provocou a lesão, quanto aquele que foi lesado, devem ser avaliados.
1.2. Quanto ao tipo e quantidade de fluido e tecido Fluidos biológicos de risco:
sangue, líquido orgânico contendo sangue visível e líquidos orgânicos potencialmente infectantes (sêmen, secreção vaginal, líquor e líquidos peritoneal, pericárdico e amniótico), (saliva – HVB). Materiais biológicos considerados potencialmente não infectantes: fezes, secreção nasal, saliva, escarro, suor, lágrima, urina e vômitos exceto se tiverem sangue.
1.3. Quantidade de fluídos e tecidos:
As exposições de maior gravidade envolvem: Maior Volume de Sangue:
* Lesões profundas provocadas por material cortante;
* Presença de sangue visível no instrumento;
* Acidentes com agulhas previamente utilizadas em veia ou artéria de paciente-fonte;
* Acidentes com agulhas de grosso calibre.
Maior inoculação viral:
*Pacientes-fontes com HIV/AIDS em estágio avançado
* Infecção aguda pelo HIV
* Situações com viremia elevada
Deve-se observar, no entanto, que há a possibilidade de transmissão, mesmo quando a carga viral é baixa.
1.3. Status sorológico da fonte (Origem do acidente) Quando a fonte é conhecida
- Solicita-se consentimento para a realização do HBs Ag, Anti-HBC IgM, Anti-HCV e Anti-HIV;
- Pode ser utilizado o teste rápido para HIV;
- Fonte não infectada, é desnecessário realizar os exames do acidentado no momento zero, bem como seguimento;
- Caso a fonte seja conhecida, mas seu estado sorológico desconhecido (recusa realizar os testes), considerar o diagnóstico médico, sintomas e história de comportamento de risco;
- Não testar agulhas descartadas, quanto aos marcadores virais;
- Exames de detecção viral não são recomendados como testes de triagem e rotina;
Quando fonte desconhecida
- Avaliar a possibilidade da fonte ser de alto risco para essas infecções (CTI, bloco cirúrgico, lavanderia, maternidade, emergência, etc.).
- Levar em conta a probabilidade clínica e epidemiológica de infecção pelo HIV, HVC, HVB (prevalência de infecção naquela população, local onde o material perfurante foi encontrado, procedimento ao qual ele esteve associado, presença ou não de sangue etc.).
2. CONDUTAS FRENTE AO ACIDENTE COM MATERIAL BIOLÓGICO
2.1. Cuidados imediatos com a área exposta Lavagem do local exposto com água e sabão nos casos de exposição percutânea ou cutânea. Nas exposições mucosas deve-se lavar exaustivamente com água ou solução salina fisiológica. Não há evidência de que o uso de antisépticos ou a espressão do local do ferimento reduzam o risco de transmissão, entretanto o uso de antiséptico não é contra-indicado. Não devem ser realizados procedimentos que aumentem a área exposta, tais como cortes, injeções locais. A utilização de soluções irritantes (éter, glutaraldeído, hipoclorito) também está contra-indicada.(24)
4.2. Exposição a HVB
As recomendações vão depender do status sorológico do paciente fonte e dos níveis de anti-HBs do profissional acidentado. (vide fluxograma 4.3) Fonte é HBsAg positiva + profissional exposto não vacinado Administrar HBIG de preferência nas primeiras 24 horas e iniciar esquema de vacinação (1ª dose da vacina contra hepatite B). A eficácia da HBGI quando administrada após sete dias da exposição é desconhecida.
Fonte HBsAg positiva + profissional exposto não responsivo a três doses de vacina Administrar uma única dose de HBIG e uma dose de vacina tão logo possível após a exposição com subseqüentes doses de vacina em 1 mês e 6 meses após a dose inicial.
Fonte HBsAg positiva + profissional exposto não responsivo a três doses de vacina, nem a revacinação (2º esquema)
Administrar HBIG tão logo possível após exposição e uma segunda dose de HBIG um mês após.
Fonte HBsAg positiva + profissional exposto tem níveis adequados (>10ml/UI) de anticorpos (antiHBs)
Nenhum teste ou tratamento é necessário, embora administrar uma dose de reforço de vacina pode ser considerado. A profilaxia após exposição não é contra indicada durante a gravidez ou lactação. A infecção por HBV durante a gravidez pode resultar em doença severa para a mãe e infecção crônica para o recém nascido.
A dosagem de anticorpos, para verificação de imunidade ativa, após a aplicação de HBIG deve aguardar um período de 4 a 6 meses. Com o objetivo de excluir a possibilidade da fonte ou acidentado estarem na janela imunológica de um quadro agudo ou em fase de convalescença de hepatite B, quando o HBs Ag pode ser negativo, solicita-se também o Anti-HBc IgM para o acidentado. Os acidentados cuja fonte for HBs Ag positiva, Anti HBc IgM positiva ou desconhecida e não estiverem imunizados para hepatite B, devem entrar em protocolo de seguimento realizando HBs Ag 3 e 6 meses após o acidente e as demais condutas estabelecidas no quadro acima.
• Profilaxia pré-exposição
A profilaxia pré-exposição da hepatite B é feita através da vacinação.(Vide Fluxograma 4.4) A vacinação no período de admissão do Profissional de Saúde, antes do início efetivo da exposição, eleva a taxa de adesão e a prevenção de infecção, uma vez que nesse período há um aumento do risco de acidentes. O rastreamento pré-vacinação, através do Anti-HBs, não é indicado a não ser que a instituição considere o procedimento custo-efetivo.
• A vacina atual para HVB é aplicada, na dosagem de 20 mcg/1ml, no esquema de 3 doses, em deltóide, com intervalos de 0, 1 e 6 meses; o esquema de 0, 1, 2 meses pode ser utilizado em situações em que a vacinação rápida é necessária, pois os anticorpos protetores são observados em quase todos os vacinados a partir do terceiro mês.
Entretanto, o título do Anti-HBs parece ser consistentemente maior quando a terceira dose é dada no mês 6, comparado ao mês
2. Cerca de 95% a 99% atingem níveis protetores de anticorpos. O uso de dosagem dupla de vacina (40mcg/2ml) nos esquemas habituais, ou variantes desse, estão indicados nos casos de pacientes com imunidade comprometida. A dosagem de anticorpos pós vacina para hepatite B pós-vacinação é recomendada para as pessoas que continuarão expostas ao risco, uma vez que ajudam a determinar a conduta nos casos de acidente, bem como a necessidade de revacinar. As pessoas que fizeram um esquema vacinal completo e não respondem à vacinação, ou seja, Anti-HBs < 10 UI/L, devem receber uma dose de reforço, testar novamente o nível de anticorpos e caso continuem não respondedoras, devem receber mais duas doses de vacina e após 1 a 2 meses realizar o Anti-HBs. Se ainda persistirem não respondedoras, não são indicadas outras doses da vacina (2). Não há nenhuma restrição quanto às atividades laborais, para as pessoas que não responderam à vacinação para hepatite B, no entanto, caso sofram acidente com material biológico, elas devem procurar o serviço médico com a maior brevidade para avaliar a necessidade de profilaxia pós-exposição. As pessoas que trabalham nos centros de hemodiálise e que são não respondedoras devem realizar Anti-HBs e HBs Ag a cada 6 meses.
2.3. Exposição ao HCV
Até o momento não existe nenhuma profilaxia pós exposição contra o HCV. A incubação do VHC é de 6 a 12 semanas. Pode ocorrer alteração na TGP em torno de 15 dias e a positividade do RNA - anti HCV (PCR) aparece entre 8 a 21 dias. O anti - HCV já pode ser detectado cerca de 6 semanas após a exposição.(Vide fluxograma 4.5) Dessa forma, o acompanhamento preconizado para trabalhadores que se acidentaram com fonte HCV positiva ou desconhecida consiste na realização dos seguintes exames:
Em caso de soroconversão, deve-se realizar teste confirmatório por RIBA ou PCR, se estes derem negativos, então, não há infecção por vírus C. Quando se identifica precocemente a infecção pelo HCV, o acidentado deve ser encaminhado para um especialista para provável tratamento, conforme esclarecimento e consentimento do acidentado.
2.4. Exposição ao HIV
Fonte HIV positiva (Vide fluxogramas 4.7 e 4.8) Paciente-fonte comprovadamente HIV positivo Um paciente-fonte é considerado infectado pelo HIV quando há documentação de exames anti-HIV positivos ou o diagnóstico clínico de AIDS.(23, 25) Conduta Indicada: quimioprofilaxia anti-retroviral (analisar o acidente)
Paciente-fonte comprovadamente HIV negativo Envolve a existência de documentação laboratorial disponível recente para o HIV (até 03 meses antes da data do acidente) ou no momento do acidente; não está indicada a quimioprofilaxia anti-retroviral.
Paciente-fonte com situação sorológica desconhecida ou paciente-fonte desconhecido (Vide fluxograma 4.9)
Um paciente-fonte com situação sorológica desconhecida deve, sempre que possível, ser testado para o vírus HIV, após obtido o seu consentimento; deve-se colher também sorologias para HBV e HCV. Na impossibilidade de se colher as sorologias do paciente-fonte ou de não se conhecer o mesmo (p.e., acidente com agulha encontrada no lixo), recomenda-se a avaliação do risco de infecção pelo HIV, levando-se em conta o tipo de exposição e dados clínicos e epidemiológicos¹¹. Quando indicada, a quimioprofilaxia ou PPE(profilaxia pós exposição) deverá ser iniciada o mais rápido possível, idealmente, nas primeiras horas após o acidente. Estudos em animais sugerem que a quimioprofilaxia não é eficaz, quando iniciada 24 a 48 horas após a exposição. Recomenda-se que o prazo máximo, para início de PPE, seja de até 72h após o acidente. A duração da quimioprofilaxia é de 28 dias. Atualmente, existem diferentes medicamentos anti-retrovirais potencialmente úteis, embora nem todos indicados para PPE, com atuações em diferentes fases do ciclo de replicação viral do HIV, incluindo agentes que:
*Inibem o processo de transcrição reversa
*Inibidores da transcriptase reversa análogos de nucleosídeos (ITRN)
* Inibidores da transcriptase reversa não-análogos de nucleosídeos (ITRNN)
* Inibidores de transcriptase reversa análogos de nucleotídeos
* Os inibidores da protease (IP)
Os esquemas preferenciais estabelecidos pelo Ministério da Saúde são: - 2 ITRN * AZT + 3TC – preferencialmente combinados em um mesmo comprimido(Biovir®) - 2 ITRN + 1 IP AZT + 3TC + NFV ou AZT + 3TC + IDV/r
Doses habitualmente utilizadas na infecção pelo HIV/aids devem ser prescritas nos esquemas de PEP. (Anexo 4). O esquema padrão de AZT (zidovudina) associado à 3TC (lamivudina) está indicado para a maioria das exposições. O uso habitual de AZT + 3TC está relacionado: *Ao fato destes medicamentos existirem combinados em uma mesma cápsula e permitirem melhor adesão pela facilidade do esquema posológico; *Ao efeito profilático da zidovudina descrito no estudo caso-controle em profissionais de saúde e no ACTG076 (prevenção da transmissão materno-fetal do HIV); *A lamivudina ser um dos inibidores de transcriptase reversa análogo de nucleosídeo (ITRN) com menor ocorrência de efeitos adversos. Esquemas expandidos com acréscimo de um inibidor de protease (IP), preferencialmente o nelfinavir ou o indinavir/r, devem ser cogitados em situações de alto risco e quando houver possibilidade de resistência viral QUIMIOPROFILAXIA BÁSICA = AZT + 3TC Indicada em exposições com risco conhecido de transmissão pelo HIV. QUIMIOPROFILAXIA EXPANDIDA = AZT + 3TC + IP (nelfinavir ou indinavir/r) Indicada em exposições com risco elevado de transmissão pelo HIV. O objetivo da quimioprofilaxia com os atuais esquemas combinados de anti-retrovirais (2 ou 3 medicamentos) inclui não somente aspectos relacionados com a maior potência anti-retroviral, mas também a uma maior cobertura contra vírus resistentes, já que um número cada vez maior de pacientes faz uso de anti-retrovirais e a transmissão de vírus resistentes já foi demonstrada em diferentes situações. Não existe, entretanto, nenhum dado que demonstre que a combinação de drogas seja mais eficaz para profilaxia do que a zidovudina (ou outros agentes) de forma isolada. Para a escolha do esquema profilático em exposições envolvendo pacientes-fonte infectados pelo HIV/aids, deve-se avaliar a história prévia e atual de uso dos anti-retrovirais e os parâmetros que possam sugerir a presença de vírus resistentes como o tratamento anti-retroviral prolongado e a ocorrência, durante o tratamento, de progressão clínica, aumento de RNA viral, queda dos níveis de linfócitos CD4+ e falta de resposta na troca do esquema medicamentoso. Medicamentos anti-retrovirais diferentes do esquema padrão podem estar indicados quando há suspeita de exposição a cepas virais resistentes. Nestes casos, uma avaliação criteriosa deve ser feita por médicos especialistas na área de infecção pelo HIV/aids . Se a resistência provavelmente afeta toda uma classe de anti-retrovirais, é prudente incluir uma droga de uma outra classe. Ressalta-se que a falta de um especialista, no momento imediato do atendimento pós-exposição, não é razão suficiente para retardar o início da quimioprofilaxia. Nestes casos, recomenda-se o uso dos esquemas habituais (como AZT + 3TC + IP) até que o profissional acidentado seja reavaliado quanto à adequação da PEP, iniciada dentro do prazo ideal de até 72h após a exposição.
Modelo de Termo de Consentimento Informado ( para o paciente fonte )
Informamos que durante o seu atendimento neste Serviço ( UBS, Hospital, etc) um funcionário foi vítima de um acidente onde houve contato com seu material biológico. Com o objetivo de evitar tratmentos desnecessários e prevenir situações de risco, estamos solicitando, através da equipe médica que está atendendo, autorização para que sejam realizados alguns exames. Serão solicitados exames anti-HIV (AIDS); HbsAg e anti-HBc-IgM (hepatite B) e anti-HCV(hepatite C). Para a realização destes exames será necessária uma coleta simples de sangue venoso, como realizada para qualquer outro exame convencional já realizado anteriormente. O risco associado a este tipo de coleta é o de poder haver um pequeno derrame local (hematoma), que habitualmente não tem conseqüências além de um pequeno desconforto local. O benef´cio que você poderá vir a ter é receber informações diagnósticas sobre estas três doenças já citadas e orientação do seu tratamento, se for o caso.
Todas as informações serão mantidas em sigilo, servindo unicamente para orientar a condução do tratamento do funcionário acidentado. A sua equipe médica será informada a respeito dos resultados de seus exames que serão incluídos no seu prontuário médico.
Eu,___________________________________ após ter sido adequadamente informado do objetivo desta solicitação e dos procedimentos que serei submetido, concordo livremente em que seja coletado meu sangue para a realização dos exames diagnósticos acima descritos.
Cidade,____ de ________ de _______.
Nome:
Assinatura:
Nº prontuário:
Modelo de Termo de Consentimento Informado do acidentado
Eu,___________________________________ estou de acordo em me submeter a PROFILAXIA PÓS-EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AO HIV adotada por este serviço de saúde, após ter sido exposto à contato com material biológico e recebido as seguintes informações:
1. Que risco de transmissão de HIV pós-exposição ocupacional é de 0,1% a 0,3%;
2. Qual é a quimioprofilaxia indicada para o grau de risco de exposição;
3. Os conhecimentos sobre a quimioprofilaxia pós-exposição ocupacional ao HIV são limitados;
4. Os dados de outros agentes, que não o AZT, são limitados quanto a toxicidade em pessoas sem infecção por HIV ou que estão grávidas;
5. Algumas ou todas as drogas da quimioprofilaxia podem não ser toleradas peloas profissionais expostos;
6. A única droga cujo uso em gestantes se mostrou segura foi o AZT;
7. Dos efeitos colaterais das drogas recomendadas.
Deverei comparecer às consultas nas datas determinadas para a realização dos exames de controle; assim como para informar qualquer manifestação que possa ocorrer em relação ao uso do tratamento indicado.
Assinatura do Médico
Assinatura do Profissional Exposto
Cidade,____ de ________ de _______.